As ações da incorporadora chinesa Vanke tiveram uma queda significativa nesta segunda-feira, 15 de outubro. Essa desvalorização ocorreu após os detentores de títulos da empresa rejeitarem a proposta de extensão do prazo de vencimento de sua dívida, aumentando a incerteza sobre o futuro financeiro da companhia.
Logo na abertura do mercado, os papéis da Vanke, que são negociados em Shenzhen, recuaram 2,4%. As ações em Hong Kong apresentaram uma queda ainda mais acentuada, de 5,4%. Além disso, os títulos da empresa negociados em Shenzhen também enfrentaram desvalorização, sendo cotados em cerca de 20 yuans cada um, com valor de face de 100 yuans.
A situação é preocupante, pois um título no valor de 2 bilhões de yuans (aproximadamente 283 milhões de dólares) está programado para vencer nesta mesma data. O banco que cuida desse título havia apresentado três propostas em uma assembleia na semana passada, todas sugerindo uma extensão de 12 meses para o pagamento, mas nenhuma delas obteve o quórum de 90% necessário para ser aprovada. Uma das propostas, que incluía medidas de reforço de crédito, recebeu o apoio de 83,4% dos credores, mas isso não foi suficiente.
Com a decisão dos credores, a Vanke entra agora em um período de carência de cinco dias para quitar completamente a quantia principal e os juros devidos. Em comunicado, a empresa anunciou que convocará uma nova assembleia com a intenção de renegociar o acordo relacionado a essa emissão de títulos.
A complexidade da situação levanta preocupações sobre outra assembleia de credores que está marcada para o dia 22 de dezembro. Nela, será discutida uma dívida de 3,7 bilhões de yuans, que vence em 28 de dezembro. Esses eventos refletem a crise prolongada que o setor imobiliário enfrenta na China há vários anos.
Dados recentes do Escritório Nacional de Estatísticas indicam que, em novembro, os preços de imóveis novos caíram em 64 das 70 cidades monitoradas, enquanto os preços de imóveis usados diminuíram em todas as 70 cidades. Essa pressão financeira sobre a Vanke evidencia a gravidade da crise no setor imobiliário, que continua em queda, apesar das promessas do governo de intervenções para estabilizar o mercado.
Embora outras grandes incorporadoras já tenham declarado falência em suas dívidas, a proposta da Vanke gerou surpresa entre os investidores, considerando que seu maior acionista é o grupo estatal Shenzhen Metro, que opera o metrô na cidade, indicando uma possível proteção governamental.
Nesse contexto, um economista apontou que essa situação representa um novo marco para os títulos domésticos na China. Ele sugeriu que a confiança dos investidores no respaldo governamental deve ser reavaliada, uma vez que a percepção de que todos os ativos chineses são automaticamente respaldados pelo governo já não é mais tão garantida. Isso implica que os investidores precisarão considerar um novo nível de risco em suas decisões, uma vez que a intervenção estatal em favor de incorporadoras significativas pode não ser tão previsível quanto antes.