Na última terça-feira, o Kremlin anunciou que não houve um acordo sobre a questão dos territórios ocupados na Ucrânia durante uma reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e representantes do governo americano, incluindo Steve Witkoff e Jared Kushner, genro de Donald Trump. A reunião, que durou cerca de cinco horas, foi considerada “útil e construtiva”, embora não tenha resultando em compromissos concretos sobre esse tema.
O encontro ocorreu em Moscou, após dias de intensas negociações diplomáticas, com o objetivo de encerrar o conflito na Ucrânia, que é o mais violento na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo o assessor principal do Kremlin, Yuri Ushakov, houve alguns pontos discutidos em que as partes conseguiram chegar a um entendimento, mas o presidente Putin mostrou uma postura crítica em relação a várias propostas apresentadas.
Atualmente, os territórios ucranianos ocupados pela Rússia representam cerca de 19% do total do país. Ushakov disse que não houve um compromisso sobre essa questão, mas há espaço para debater algumas soluções propostas pelos EUA. Durante a noite, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou em uma entrevista que as conversas com a Rússia avançaram, mas não ficou claro quando a gravação foi feita.
Após a reunião, Witkoff e Kushner devem se encontrar com uma delegação ucraniana, possivelmente em Bruxelas. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou que o caminho para acabar com a guerra, que já dura quase quatro anos, não será fácil, descrevendo a situação como um “desastre”.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que enfrenta forte pressão política e diplomática, pediu não apenas uma pausa nos combates, mas um fim definitivo à guerra. Ele destacou em suas redes sociais que “não haverá soluções fáceis” e enfatizou a importância de que as decisões sobre o futuro da Ucrânia sejam tomadas com sua participação.
Além disso, a Ucrânia enfrenta um momento delicado, com recentes escândalos de corrupção que levaram à demissão de seu chefe de gabinete. Recentemente, a Rússia intensificou os ataques com drones e mísseis, desde que Putin ordenou uma ação militar em larga escala em fevereiro de 2022. Desde então, dezenas de milhares de civis e soldados perderam a vida e milhões de ucranianos foram forçados a deixar suas casas.
Os países europeus estão preocupados que um acordo possa ser fechado entre os EUA e a Rússia sem sua inclusão ou que os ucranianos sejam forçados a fazer concessões injustas. Antes da reunião, Putin acusou os europeus de dificultarem os esforços para acabar com o conflito e afirmou que a Rússia está pronta para a guerra, caso a Europa queira continuar a hostilidade.
O plano americano apresentado no mês passado consistia em 28 pontos e havia uma grande semelhança com as demandas russas, o que gerou especulações de que Moscou teria influenciado sua elaboração, o que os EUA negam.
Na perspectiva militar, a Rússia tem realizado avanços significativos. Em novembro, forças russas conseguiram recuperar 701 km² de território ucraniano, de acordo com dados de uma análise feita por um instituto americano. Esse foi o segundo maior avanço em um ano, depois do registrado em novembro de 2024. Recentemente, a Rússia também afirmou ter conquistado a cidade de Pokrovsk, uma localização estratégica para Kiev, embora os combates na região ainda estejam em andamento, segundo informações da Ucrânia. Além disso, os ataques com mísseis e drones pela Rússia tiveram um aumento significativo em comparação com o mês anterior.