O tráfico de cocaína na Europa está em crescimento, com o porto de Amberes se destacando como a principal entrada da droga no continente. Segundo informações de autoridades belgas, as apreensões de cocaína na Bélgica alcançaram 44 toneladas em 2024. A maior parte das drogas é trazida por via marítima, especialmente através do movimentado porto de Amberes, com rotas originárias da América Latina e, em menor escala, da África Ocidental.
### O Porto de Amberes
Amberes é o segundo maior porto da União Europeia e lida com um enorme volume de mercadorias e contêineres. Contudo, a inspeção das cargas é uma tarefa difícil. As autoridades estimam que menos de 2% dos contêineres são checados mundialmente, e para as cargas vindas da América do Sul, esse número é um pouco maior, variando entre 10% e 15% no porto belga. Especialistas apontam Amberes como a “capital europeia da cocaína” por conta do grande número de traficantes que atuam na região e das frequentes operações ligadas ao tráfico.
As drogas geralmente são escondidas em contêineres, usadas em barcos rápidos ou transportadas em rotas oceânicas, refletindo a sofisticação dos esquemas de tráfico.
### Redes Criminosas e Recrutamento
Entre 2019 e 2024, a Bélgica já apreendeu mais de 500 toneladas de cocaína, concentrando-se principalmente no porto de Amberes. As redes de tráfico operam de forma internacional, envolvendo organizações da Albânia, Bélgica, Holanda e outros países. A Europol destaca que existem mais de 440 grupos dedicados ao comércio de cocaína na União Europeia.
Outra preocupação é o envolvimento de jovens no tráfico. Há relatos de que menores estão sendo recrutados na Bélgica e nos Países Baixos para ajudar na distribuição e coleta das drogas. Em algumas operações no porto, menores de idade foram presos, e o recrutamento desses jovens é imediato, com pressão para que mantenham silêncio sobre suas atividades.
### Respostas das Autoridades e Debate Público
Em 2024, a União Europeia lançou um plano de cinco anos para combater o crime organizado, priorizando a cooperação entre os Estados-membros e a troca de informações. Em Bruxelas, especialistas e autoridades discutem formas de reforçar os controles portuários sem afetar o comércio.
O debate sobre a legalização das drogas também está em andamento, com autoridades belgas afirmando que essa medida não resolveria o problema do tráfico mundial. Analistas ressaltam a importância de reduzir a demanda global e melhorar a fiscalização nas rotas marítimas.
### Tendências Internacionais
O tráfico de drogas é complexo e envolve rotas diretas da América Central e do Sul, além de escalas na África Ocidental. Países como Noruega e Suécia estão enfrentando as consequências das estratégias de controle, que têm feito com que as cargas sejam deslocadas para outros mercados europeus.
Estudos de amostras de água em Amberes mostram altos níveis de resíduos de cocaína, evidenciando os efeitos do consumo de drogas e da renda gerada pelo tráfico na vida urbana. As autoridades alertam para a relação entre a violência nas comunidades e as atividades criminosas associadas ao tráfico de drogas.
### Futuro do Combate ao Tráfico
Especialistas avisam que, embora as apreensões de drogas tenham diminuído em 2024, o fluxo de cocaína continua estável. A oferta permanece alta e as rotas são constantemente alteradas. O enfrentamento desse problema requer colaboração internacional, inovação tecnológica e ações direcionadas às redes de distribuição e recrutamento.