A produção científica no Brasil teve um aumento em 2024, após dois anos de quedas consecutivas. Segundo um novo relatório, foram publicados 73.220 artigos científicos por instituições de pesquisa no país, representando um crescimento de 4,5% em comparação a 2023. No entanto, esse número ainda está abaixo da produção de 2021, que totalizou 82.440 artigos.
Nos últimos anos, a produção acadêmica brasileira enfrentou um desafio significativo. Em 2022, houve uma queda expressiva de 7,4% em relação a 2021, seguida por uma nova diminuição de 7,2% em 2023. A recuperação observada em 2024 não é uma particularidade do Brasil; muitos países também relataram aumento na produção científica após os impactos da pandemia de Covid-19. Entre os poucos que apresentaram queda estão a Rússia e a Ucrânia.
O relatório Bori-Elsevier, que abrange a produção científica global desde 1996, analisou mais de 54 países que publicaram mais de 10 mil artigos em 2024. Coletivamente, esses países produziram cerca de 2,9 milhões de artigos no último ano. A expectativa de recuperação da produção científica no Brasil já era prevista pela comunidade acadêmica, impulsionada por investimentos recentes em pesquisa.
A vice-presidente de Relações Institucionais da Elsevier na América Latina, Dante Cid, destacou que o volume de publicações reflete os investimentos feitos em anos anteriores. As melhorias observadas podem ser atribuídas ao fim dos efeitos severos da pandemia sobre os processos de pesquisa e à retomada do financiamento, que facilita a execução de projetos.
O levantamento focou apenas em artigos científicos e não incluiu outros tipos de publicações. Os dados foram coletados em julho de 2025 usando a ferramenta SciVal da Elsevier, que acessa informações da base de dados Scopus, que inclui milhões de publicações de diversas editoras científicas.
O relatório também analisou as 32 instituições brasileiras com mais de mil publicações em 2024. Apenas três delas — Embrapa, Universidade Federal de Goiás e Universidade Estadual de Maringá — apresentaram uma variação negativa, o que é uma melhora em relação a 2023, quando apenas duas instituições mostraram aumento na produção.
Para a cofundadora da Bori, Sabine Righetti, a melhora nos indicadores pode ser vista como resultado de vários fatores, como a superação dos impactos da Covid-19 e o aumento dos financiamentos para a ciência.
Além disso, o relatório revelou que o crescimento no número de artigos também é impulsionado pelo aumento no número de pesquisadores no país. O número de autores por milhão de habitantes cresceu significativamente, passando de 205 em 2004 para 932 atualmente.
Apesar da recuperação em 2024, a taxa de crescimento anual composta (TCAC) do Brasil entre 2014 e 2024 foi de 3,4%. O país ocupa a 39ª posição entre os 54 analisados. A desaceleração na produção não se deve apenas à pandemia; uma parte considerável da queda ocorreu antes de 2020, sugerindo questões estruturais na ciência brasileira que precisam ser abordadas.
O estudo destaca que entender esses dados é essencial para acadêmicos e gestores públicos, pois permite a formulação de políticas públicas eficazes, baseadas em informação consolidada e análises profundas.