terça-feira, 02 de dezembro de 2025
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China exporta milhões de carros a gasolina para países vulneráveis

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[email protected] EM 2 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 11:23

A indústria automobilística da China tem se expandido rapidamente, especialmente em relação à exportação de veículos a gasolina. Aproveitando subsídios bilionários para veículos elétricos, as montadoras chinesas estão enviando uma quantidade crescente de carros movidos a combustíveis fósseis para países em desenvolvimento, que estão se tornando os principais destinos das exportações.

Desde 2020, 76% dos automóveis exportados pela China são de modelos a combustão. O volume anual de remessas disparou de 1 milhão para mais de 6,5 milhões de unidades em apenas alguns anos. Essa estratégia acontece em um contexto de supercapacidade industrial e guerra de preços no mercado interno, levando tanto montadoras estatais quanto privadas a buscarem renda em mercados menos regulados, onde a venda de veículos a gasolina ainda é predominante.

Os incentivos do governo chinês para a produção de veículos elétricos contribuíram para o desvio de alguns modelos. Com a demanda interna por carros elétricos crescendo vertiginosamente, muitas fábricas estão subutilizadas e, como resultado, dependem das exportações para se manterem viáveis. Montadoras como SAIC, BAIC e Dongfeng, cujas vendas no mercado doméstico estão caindo, estão vendo suas exportações aumentarem significativamente.

Os principais mercados para esses carros a gasolina são países com menor renda e infraestrutura insuficiente para veículos elétricos, como México, Chile, África do Sul e várias nações da Europa Oriental. Por exemplo, na Polônia, mais de 30 marcas chinesas começaram a operar recentemente, vendendo predominantemente carros a combustão. Na África do Sul, esses veículos representam cerca de 16% do mercado e as vendas de carros a gasolina superam em muito os dos elétricos.

No México, as montadoras chinesas já preveem vender mais de 200 mil unidades, alcançando uma participação de mercado de 14%. Isso levou o governo mexicano a aumentar os impostos sobre os carros chineses de 20% para 50%, em resposta ao que analistas acreditam ser preocupações dos Estados Unidos sobre o uso do México como um ponto de acesso à indústria automotiva chinesa.

O cenário competitivo se torna mais desafiador para montadoras tradicionais como Toyota e GM, que ainda dependem de tecnologias mais antigas e veículos a gasolina. Os carros chineses, frequentemente mais acessíveis e modernos, estão ganhando espaço rapidamente. Enquanto isso, a exportação desses veículos contraria os esforços globais de redução de emissões e objetivos climáticos.

Com uma abordagem pragmática, as montadoras chinesas estão atendendo à demanda por carros a gasolina, ao mesmo tempo que começam a introduzir híbridos e elétricos em mercados onde há potencial. As previsões indicam que as montadoras chinesas devem aumentar suas vendas fora da China em 4 milhões de veículos por ano até 2030, alcançando 30% do mercado global, o que representa uma mudança significativa no equilíbrio de poder dentro da indústria automobilística.

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