O Vale do Silício está se tornando um ponto central em uma nova estratégia para a produção de minerais essenciais, buscando diminuir a dependência dos Estados Unidos em relação à China. Essa movimentação conta com a participação de startups, investidores e centros de pesquisa, que estão intensificando esforços para encontrar alternativas que sustentem os setores de tecnologia, defesa e infraestrutura.
Uma das iniciativas mais notáveis é a da Brimstone, uma startup de Oakland. Ela se dedica ao desenvolvimento de métodos inovadores para extrair minerais críticos, incluindo alumínio, magnésio e titânio, de rochas comuns como o gabro. A empresa afirma que seu processo pode reduzir os custos de produção em até 40% e a energia utilizada em até 50%, em comparação aos métodos tradicionais. O objetivo é criar uma nova rota de produção em um mercado onde a China é predominante há décadas.
A busca por minerais críticos não está restrita à Califórnia. Vários esforços em todo o país, de startups nos Estados Unidos a projetos no Reino Unido, estão sendo impulsionados por investimentos recordes e avanços em tecnologias, como a inteligência artificial (IA). Nos últimos anos, as restrições de exportação da China em relação a esses materiais passaram a afetar diretamente diversos setores, como automotivo, aeroespacial e até a fabricação de satélites.
Pesquisadores e empreendedores têm utilizado IA para otimizar a cadeia de mineração, aplicando fórmulas matemáticas que também são usadas em carros autônomos para melhorar a previsão de resultados em perfurações e reduzir desperdícios. Além disso, empresas britânicas estão desenvolvendo ligas metálicas sintéticas, que podem substituir minerais escassos com custos até 70% menores.
A nova corrida pelos minerais críticos é condicionada por três fatores principais: a presença de startups que buscam rotas químicas e energéticas inovadoras, a aplicação de IA para aumentar a eficiência e reduzir impactos ambientais, e os investimentos públicos e privados que abrangem desde a mineração tradicional até pesquisas sobre novos materiais.
A postura do governo dos EUA vem se alinhando a esse esforço, com investimentos diretos em empresas do setor e acordos internacionais para assegurar o fornecimento de materiais estratégicos. Isso inclui mineradoras, recicladoras de metais e laboratórios que se especializam em materiais raros.
Entretanto, ainda existem desafios a serem superados. Muitas das novas técnicas estão em fase experimental, em laboratórios, e ainda não há instalações industriais em operação. A viabilidade econômica de novos métodos de extração, como aqueles que utilizam rochas comuns, também traz dúvidas, uma vez que esses processos tradicionalmente não se mostraram competitivos.
Outro obstáculo é a falta de mão de obra qualificada. A indústria de mineração e metalurgia enfrenta uma escassez de profissionais especializados, o que pode dificultar o crescimento rápido desses novos projetos.
Apesar das barreiras, o Vale do Silício continua a se posicionar como líder nessa transição, buscando não apenas inovação industrial, mas também políticas que promovam a autonomia na produção e o acesso a materiais essenciais para as economias modernas. A combinação de tecnologia, inteligência artificial e investimento pode transformar o papel dos Estados Unidos na cadeia global de minerais críticos, com o Vale do Silício à frente dessa nova e estratégica corrida.