Aegea Se Interessa pela Privatização da Copasa
A Aegea, a maior empresa privada de saneamento do país, manifestou interesse em assumir a Copasa, a companhia de água e esgoto de Minas Gerais, em um cenário de privatização que se torna cada vez mais provável. O CEO da Aegea, Radamés Casseb, comentou que a empresa está se preparando para estudar a venda da Copasa com a mesma atenção que dedicou ao projeto de desestatização da Sabesp, embora tenha decidido não participar do leilão dessa última.
Radamés destacou que a Copa é atraente por vários motivos, principalmente pelo tamanho do mercado de saneamento em Minas Gerais, que atende o maior número de municípios do estado. Ele também ressaltou que a Copasa é reconhecida no setor, sendo uma das poucas companhias a ter aberto seu capital.
A privatização da Copasa está avançando nas discussões da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O governo do estado, liderado por Romeu Zema, está propondo duas iniciativas principais: uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que eliminaria a obrigatoriedade de um referendo popular para a privatização, e um projeto de lei que formaliza a venda da estatal.
Essas ações se inserem em uma estratégia mais ampla do governo mineiro para conseguir repassar recursos ao governo federal, buscando uma redução nos juros da dívida do estado. A proposta de repasse de ativos à União se tornou uma questão central nas discussões do Legislativo, onde a oposição argumenta que o estado possui alternativas para essa negociação, defendendo que a população mineira deve ser consultada antes de qualquer decisão de privatização.
O governo espera arrecadar mais de R$ 4 bilhões com a venda da Copasa. As propostas para acelerar o processo de privatização não envolvem outras estatais, como a Cemig ou a Gasmig, e a expectativa é que a PEC relacionada ao referendo seja aprovada ainda este mês, seguida pelo projeto de privatização.
Durante um evento recente, o presidente da Copasa, Fernando Passalio, expressou otimismo de que as discussões políticas sobre a privatização avançariam até outubro, com a possibilidade de o processo ser concluído até 2026.
A Aegea tem se mantido atualizada sobre as conversas, mas Radamés Casseb afirmou que a empresa está focada nos estudos técnicos e ainda não está diretamente inserida nas discussões políticas.
Além disso, representantes do BTG Pactual estiveram em Belo Horizonte para discutir a privatização com deputados locais. O BTG, embora tenha afirmado não ter interesse direto na compra da Copasa, está envolvido em processos de privatização e já atuou na estruturação da venda da Sabesp. Recentemente, a gestora Perfin, que tem o BTG como um de seus controladores, adquiriu ações da Copasa, aumentando sua participação na estatal. A Perfin considera que a empresa é atrativa, especialmente em um setor que demanda investimentos significativos.
Com a tramitação da privatização da Copasa sendo discutida na Assembleia, o valor das ações da empresa subiu 6%, refletindo o avanço dos debates. Observadores do mercado especulam que o BTG e a Perfin poderão formar um consórcio com a Aegea, similar ao que fizeram em outras privatizações.
A proposta do governo de Minas para o repasse de ativos inclui estimativas de valores expressivos de várias estatais, somando recursos significativos que poderiam ser utilizados em negociação com a União.