Os líderes da China estão se preparando para enfrentar um possível aumento de tensões no comércio global enquanto elaboram seus planos econômicos para o próximo ano. Isso ocorre apesar do país ter alcançado um superávit comercial recorde, mesmo em meio à guerra tarifária com os Estados Unidos.
Recentemente, a China anunciou que sua diferença entre exportações e importações ultrapassou 1 trilhão de yuans em apenas 11 meses. Em uma reunião do Politburo, um órgão importante do Partido Comunista, houve um alerta sobre a incerteza no cenário internacional, ressaltando a necessidade de coordenar melhor as estratégias econômicas internas com os desafios do comércio global. O grupo prometeu agir rapidamente para criar novos motores de crescimento.
Analistas interpretam esse comunicado como uma sinalização de que a vigilância em relação à economia global será crucial, especialmente em um momento em que o governo chinês busca evitar estímulos econômicos mais agressivos devido ao ritmo de desaceleração da economia local. A principal preocupação é que, depois de um ano e meio desde a reeleição de Donald Trump, o risco de tensões comerciais pode surgir de países além dos Estados Unidos, desde que a trégua comercial entre as duas maiores economias do mundo se mantenha.
As tensões comerciais estão crescendo com o Japão, especialmente em relação à questão de Taiwan, e na próxima semana, o Congresso do México deve votar tarifas propostas pela presidente Claudia Sheinbaum contra a China. Além disso, o presidente francês Emmanuel Macron alertou que a União Europeia pode ser forçada a adotar “medidas fortes” contra a China se o país não resolver as disparidades comerciais com o bloco.
Embora as relações comerciais entre a China e os EUA tenham melhorado, outras nações, como a Holanda e o Japão, continuam a implementar ações proativas na área econômica e comercial. Economistas alertam que a tendência de desglobalização é difícil de reverter e traz riscos de protecionismo que estão complicando os cálculos econômicos da China. Embora o país tenha conseguido aumentar suas exportações para outros mercados, o futuro dependerá em grande parte da força da demanda interna.
A economia chinesa enfrenta um cenário desafiador, com crescimento estagnado, consumo em declínio e investimentos caindo rapidamente. À medida que o novo ano se aproxima, o governo parece estar ciente das dificuldades e sinaliza um impulso urgente para fortalecer a indústria de ponta. No entanto, analistas esperam apenas mudanças graduais na direção de aumentar o consumo.
O Politburo definiu o aumento da demanda interna como prioridade principal para o próximo ano, além de incentivar o desenvolvimento de indústrias emergentes, como a robótica. Essa estratégia sugere um desejo de expandir o setor manufatureiro, especialmente em alta tecnologia, e manter a exportação resistente.
Além disso, as diretrizes do Politburo devem ser divulgadas em uma reunião de dezembro, que costuma traçar as prioridades políticas para o ano seguinte. Com a saturação na construção de infraestrutura e o colapso do mercado imobiliário, há uma urgência crescente para encontrar novas indústrias que possam impulsionar a economia.
A mudança do modelo de crescimento para um maior consumo exigirá reformas a longo prazo, incluindo a expansão da rede de proteção social e a reforma do sistema tributário. A convocação do Politburo para um desenvolvimento rápido de novos motores de crescimento indica um aumento da urgência em sua abordagem em relação ao crescimento econômico.
Além disso, especialistas preveem políticas adicionais para impulsionar investimentos em setores como infraestrutura digital e serviços, que visam aumentar o consumo. Apesar da necessidade de estímulo contínuo, a política fiscal deve desempenhar um papel primário, juntamente com um relaxamento gradual na política monetária.
Por fim, os analistas comentam que a atenção do governo poderá se deslocar para promover o crescimento, já que as preocupações com riscos financeiros e de dívidas estão sendo colocadas em segundo plano. Isso sugere que as autoridades reconhecem que os riscos aos sistemas financeiros podem ter diminuído.
Em suma, a China enfrenta um complexo panorama econômico, que demanda vigilância e ações estratégicas para garantir um crescimento sustentável e equilibrado em meio a desafios globais.