A cobertura da mídia estatal russa sobre o plano de paz dos Estados Unidos para pôr fim à guerra na Ucrânia foi bastante contida nesta quarta-feira, 26 de setembro. Isso ocorreu mesmo após a Ucrânia aceitar uma versão revisada do documento, que busca abordar preocupações militares e territoriais. Enquanto Washington realiza esforços intensos para fechar um acordo, o Kremlin afirma que está analisando a proposta, mas não esclarece sua posição oficial.
Donald Trump anunciou que enviará representantes a Moscou e Kiev para tentar facilitar a conclusão do acordo. Apesar do avanço nas negociações, os principais canais de comunicação da Rússia deram prioridade à agenda interna do presidente Vladimir Putin, que se encontrava no Quirguistão, reduzindo o espaço dedicado ao debate sobre o acordo de paz.
O canal Rossia 24 mencionou a retomada das conversas de paz apenas brevemente, logo no início de seu telejornal. Além disso, interrompeu a discussão com uma cobertura do Congresso de Jovens Cientistas da Rússia. A emissora seguiu a linha do Kremlin, afirmando que líderes europeus estariam tentando sabotar o processo de paz, por julgarem que o plano dos EUA favorece a Rússia.
Autoridades russas têm se manifestado com um tom firme em relação ao plano. Yury Ushakov, assessor de política externa do Kremlin, reconheceu que algumas partes do documento são positivas, mas indicou que ainda há muitos pontos que requerem discussão técnica. Por outro lado, o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, rejeitou qualquer possibilidade de concessões que possam comprometer os objetivos militares da Rússia na Ucrânia.
Além disso, outros veículos de comunicação próximos ao governo adotaram uma postura cautelosa. O Canal Um mencionou as negociações diplomáticas apenas de maneira breve e indicou que Washington acredita que o tempo não é favorável para a Ucrânia. Jornais como Kommersant e Moskovsky Komsomolets relataram sobre gravações que foram vazadas, envolvendo diálogos entre representantes russos e o enviado especial de Trump, destacando a tensão no cenário político.
Embora o plano de paz dos Estados Unidos esteja se espalhando nos bastidores diplomáticos, o Kremlin mantém um distanciamento calculado nas suas comunicações. Não há comentários sobre se o documento pode servir de base para futuras negociações, enquanto a mídia estatal diminui sua relevância ao público. Assim, o cenário se mostra complexo: a pressão internacional cresce, mas o discurso interno permanece cauteloso e em compasso de espera.