terça-feira, 02 de dezembro de 2025
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Último país a abolir a escravidão no mundo é revelado

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[email protected] EM 2 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 00:53

No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel sancionou a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no país. O Brasil foi o último país das Américas a tomar essa decisão, embora não tenha sido o último do mundo.

A Mauritânia, localizada no noroeste da África, foi a última nação a formalmente abolir a escravidão, o que aconteceu apenas em 1981. No entanto, a prática continuou até 2007, quando a escravidão passou a ser considerada crime no país. Nesse período de 26 anos, apenas dois proprietários de escravos foram processados.

Apesar da lei existir, sua aplicação é rara, e muitos donos de escravos não enfrentam a Justiça. De acordo com a organização Walk Free, a Mauritânia é um dos países com maior número de pessoas vivendo em escravidão moderna. Nesse contexto, a escravidão é frequentemente hereditária, ou seja, os filhos de escravos geralmente enfrentam as mesmas condições de seus pais.

A situação é agravada pela falta de acesso a serviços básicos, como a obtenção de certidões de nascimento. Segundo Jakub Sobik, gerente de comunicação da Anti-Slavery, até mesmo aqueles que escapam da escravidão não conseguem se beneficiar dos serviços do governo, pois não têm documentos que comprovem sua identidade.

Os grupos raciais na Mauritânia também desempenham um papel importante na estrutura social. Os “haratine”, que são pessoas livres com origens de escravidão, convivem com os “abid”, que ainda são escravizados. Essa divisão é refletida em várias esferas da sociedade, onde os “mouros brancos” ocupam posições de destaque, como em cargos religiosos e no governo.

O sistema judicial e as instituições estão majoritariamente nas mãos dessa elite branca, o que dificulta a responsabilização dos proprietários de escravos. Jakub Sobik destaca que muitos promotores, juízes e policiais vêm de castas dominantes e mantêm vínculos diretos com donos de escravos ou até são eles mesmos proprietários.

Além disso, o governo da Mauritânia não reconhece a gravidade da situação, o que impede a coleta de dados oficiais sobre a escravidão. O censo nacional não oferece informações sobre a composição racial da população, dificultando uma avaliação precisa do problema.

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