A Rússia expressou neste domingo, 7 de outubro, apoio à nova estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos, que reflete a abordagem nacionalista do presidente Donald Trump. Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, os ajustes na política americana estão em conformidade com a visão de Moscou. Ele se mostrou esperançoso de que essa nova postura americana possa facilitar um trabalho conjunto para encontrar uma solução pacífica em relação à situação na Ucrânia.
O documento divulgado pelo governo Trump na sexta-feira, 5 de outubro, traz mudanças significativas na estratégia de segurança nacional dos EUA. O texto menciona a preocupação com o que considera o “desaparecimento da civilização europeia” e aborda questões como a luta contra a migração em massa. Além disso, afirma que os Estados Unidos buscam restaurar seu domínio na América Latina.
Uma das declarações mais notáveis do documento é a afirmação de que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) não será ampliada. Isso contraria as expectativas do presidente ucraniano Volodimir Zelenski, que busca negociações de paz sob condições lideradas por Moscou.
No entanto, essa nova estratégia foi recebida com descontentamento entre os aliados europeus dos EUA. Desde que Trump assumiu novamente a presidência, ele tem criticado abertamente os líderes europeus, apontando que os investimentos em defesa no continente são insuficientes, fato que, segundo ele, leva à dependência da Europa em relação aos Estados Unidos. Apesar das críticas, os líderes europeus têm evitado contestar Trump abertamente, temendo a perda de um aliado importante.
Por exemplo, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, expressou publicamente sua preocupação, dirigindo-se aos “queridos amigos americanos” e ressaltando que a Europa é seu aliado mais próximo, não um problema. Tusk pediu que ambos se unissem diante de inimigos comuns, lembrando que isso tem sido uma questão de segurança compartilhada nos últimos 80 anos.
A chefe da política externa da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou que os Estados Unidos continuam a ser o principal aliado do bloco europeu. Tais declarações refletem a necessidade de manter a unidade diante das novas diretrizes americanas.
Um dos destaques recentes foi a crítica de Christopher Landau, número dois do Departamento de Estado dos EUA, aos aliados europeus. Ele enfatizou que as grandes nações devem ser parceiras na proteção da civilização ocidental e não devem ignorar a burocracia da União Europeia, que, segundo ele, busca políticas prejudiciais.
No mesmo dia, a Rússia lançou um grande ataque com drones e mísseis contra a infraestrutura energética da Ucrânia, resultando em apagões em várias regiões do país. Esta ação ocorre em um momento em que delegados do governo Trump tentam negociar uma solução para o conflito, enquanto representantes ucranianos buscam apoio nos EUA. Contudo, ainda não há perspectivas de um acordo.
O novo documento da Casa Branca também menciona que, após anos de desinvestimento, os EUA irão agir para restaurar sua influência no Hemisfério Ocidental, além de proteger o país e suas áreas de interesse. Uma das críticas levantadas é em relação à Doutrina Monroe, que data do início do século 19 e defendia a hegemonia americana nas Américas, substituindo a influência europeia.
Agora, o governo americano sugere um “Corolário Trump” dessa doutrina, buscando garantir acesso a recursos e áreas estratégicas na América Latina, além de assegurar que esses países permaneçam estáveis, prevenindo assim a migração em massa.
O documento também propõe um ajuste na presença militar global dos EUA, focando no combate a ameaças mais urgentes e reduzindo o envolvimento em áreas que se tornaram menos relevantes para a segurança nacional ao longo dos anos.