Putin afirma que Rússia tomará o Donbass “à força” se Ucranianos não se retirarem
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou nesta quinta-feira que o país tomará o controle total da região do Donbass se o Exército ucraniano não se retirar. Segundo ele, a Rússia irá “libertar esses territórios à força”.
Putin fez os comentários durante uma entrevista ao jornal India Today, antes de sua viagem a Nova Délhi. A afirmação ocorre em um contexto de tensões entre a Rússia e a Ucrânia, que se recusa a entregar o Donbass, uma região que tem sido um ponto central nas discussões de paz e conflitos.
Desde 2022, a Rússia considera as regiões ucranianas de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporíjia como parte de seu território, após realizar “referendos” que foram rejeitados por Kiev e países ocidentais. A Rússia já anexou a Crimeia em 2014, uma ação que viola o direito internacional.
Na terça-feira, Putin se reuniu com Steve Witkoff e Jared Kushner no Kremlin, onde afirmou que a Rússia estava aberta a algumas propostas dos Estados Unidos sobre a Ucrânia, mas não forneceu detalhes sobre quais seriam essas ofertas.
O ex-presidente americano Donald Trump se manifestou sobre o impasse nas negociações, dizendo que o futuro das tratativas é incerto devido à falta de compromisso entre as partes, mas considerou a reunião “relativamente boa”. Trump acredita que Putin deseja alcançar um acordo, embora mantenha algumas exigências, especialmente em relação ao território.
Atualmente, a Rússia controla toda a região de Luhansk e cerca de 80% de Donetsk, juntas formando o Donbass. Desde a invasão inicial em 2014, Moscou tem tentado conquistar o restante das áreas controladas pela Ucrânia.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky se opõe à ideia de ceder territórios para a Rússia, argumentando que o país não deve ser recompensado por sua agressão. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, fez uma declaração enfatizando que não se deve repetir a história de traições, referindo-se ao Acordo de Munique de 1938, que permitiu à Alemanha nazista anexar partes da Tchecoslováquia.
Sybiha pediu que os princípios do direito internacional sejam respeitados na busca por uma paz verdadeira, sem apaziguamento. O presidente francês, Emmanuel Macron, também destacou a importância de compromissos que garantam a preservação do direito internacional durante uma visita à China.
Combates Intensos no Donbass
Os combates no Donbass estão concentrados há mais de um ano na cidade de Pokrovsk, um importante centro logístico. A Rússia afirma ter conquistado a cidade, que foi severamente danificada, mas o chefe do Estado-Maior ucraniano, Oleksandr Syrsky, garantiu que as batalhas continuam nos bairros ao norte da cidade.
Adicionalmente, o Exército russo segue realizando ataques ao longo de uma linha de frente de 1.200 quilômetros, bombardando infraestrutura energética e industrial da Ucrânia. Dezenas de milhares de ucranianos ficaram sem eletricidade e aquecimento depois de ataques que atingiram especialmente as cidades de Kherson e Odessa. O governador da região de Kherson, Oleksandr Prokoudine, denunciou que os ataques visam a população civil.