A partir de 1º de janeiro, a China vai implementar um novo sistema de cotas tarifárias para a importação de carne bovina, o que afetará diretamente o mercado brasileiro, o maior fornecedor desse produto para o país asiático. Essa nova regra, que terá validade até o final de 2028, irá limitar as exportações de carne bovina de diferentes países, incluindo o Brasil.
Em 2023, a China foi responsável por mais da metade das exportações brasileiras de carne bovina. Entre janeiro e novembro deste ano, o Brasil exportou 3,15 milhões de toneladas para o exterior, sendo 1,52 milhão de toneladas destinadas ao mercado chinês. Este volume representa cerca de 53,9% das exportações totais nesse período.
De acordo com as novas regras, cada país exportador terá um limite de 1,1 milhão de toneladas anuais de carne bovina, mantendo as tarifas atuais. Se um país ultrapassar esse limite, deverá pagar uma tarifa adicional de 55% sobre o volume excedente. Os limites estabelecidos para as principais nações exportadoras são:
– Brasil: 1,1 milhão de toneladas
– Argentina: 510 mil toneladas
– Uruguai: 320 mil toneladas
– Austrália: 200 mil toneladas
– Nova Zelândia: 200 mil toneladas
– Estados Unidos: 160 mil toneladas
Essas cotas anuais não poderão ser transferidas para o próximo ano. O governo chinês avisou que a cobrança da tarifa extra começará no terceiro dia após o país exportador atingir o limite.
A dependência do mercado chinês torna essa mudança ainda mais impactante para o Brasil. Com uma cota anual inferior ao volume de carne que o Brasil vinha exportando, o setor precisará se ajustar para não perder participação no mercado. Especialistas destacam que essa nova configuração pode resultar em uma redução de aproximadamente 600 mil toneladas nas exportações brasileiras. O analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, acredita que isso irá gerar uma reestruturação significativa no setor.
Os possíveis efeitos incluem uma diminuição na atividade de confinamento de gado, aumento da oferta de carne no mercado interno e alterações nos preços no início de 2026. Iglesias também observa que o Brasil continuará competitivo em mercados como a União Europeia e os Estados Unidos, mas o cenário será mais desafiador a curto prazo.
Diante da expectativa de um volume menor de exportações para a China, há uma tendência de maior oferta no mercado interno, o que pode levar a preços mais acessíveis para os consumidores nos primeiros momentos, enquanto o setor busca novos mercados para compensar as perdas com a China.