Indonésia Resiste a Pressões dos EUA em Acordo Comercial
A Indonésia está enfrentando desafios nas negociações com os Estados Unidos, especialmente em relação a um acordo comercial que pode afetar sua autonomia em setores críticos, como minerais e energia. As preocupações giram em torno das condições exigidas pelos EUA, que poderiam prejudicar as relações da Indonésia com países como China e Rússia, importantes parceiros comerciais.
Desde que um acordo-quadro foi assinado em julho, que inclui uma tarifa de 19%, o governo americano tem buscado que Jacarta aceite novas exigências. Estas condições, segundo fontes a par das negociações, poderiam limitar os vínculos indonésios com a China, um dos principais investidores no país.
As discussões geraram tensões entre os dois países, e há temores de que o acordo possa desmoronar. A administração americana acusou a Indonésia de não cumprir compromissos anteriores. Informações de funcionários anônimos indicam que a situação está se tornando crítica, com o risco de colapso do acordo.
Entre os pontos controversos estão cláusulas que permitiriam que os EUA rescindissem o acordo caso a Indonésia firmasse outros tratados que não estivessem alinhados aos interesses americanos. O ministro da Economia da Indonésia, Airlangga Hartarto, e o Representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer, planejam uma reunião virtual para abordar essas questões.
Na quarta-feira, Greer confirmou a reunião, mas não ofereceu detalhes sobre as divergências. Ele comentou que houve acordos de confidencialidade e destacou a importância dos acordos recentes com Malásia e Camboja, expressando a esperança de que a Indonésia também avance nesse sentido.
A principal preocupação dos EUA é a colaboração em minerais críticos, já que a China domina essa cadeia de suprimentos. Os Estados Unidos querem assegurar que qualquer parceria nesse setor não inclua a participação de terceiros, o que complicaria ainda mais as relações da Indonésia com seus outros parceiros comerciais.
Por sua vez, o governo indonésio respondeu às acusações, afirmando que as negociações estão em andamento e espera um resultado favorável. O porta-voz do Ministério Coordenador de Assuntos Econômicos, Haryo Limanseto, comentou que a dinâmica das discussões está normal.
O acordo assinado em julho previa que a Indonésia comprasse cerca de 19 bilhões de dólares em produtos americanos, incluindo 50 aviões da Boeing, além de compromissos para eliminar tarifas sobre as importações dos EUA. Naquele momento, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou ter negociado pessoalmente com o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, para finalizar o trato.
Desde então, o governo americano buscou acordos semelhantes com outros países do Sudeste Asiático, como Tailândia, Camboja, Vietnã e Malásia. Contudo, surgiram preocupações sobre a soberania desses países, especialmente em relação aos acordos, que incluem cláusulas que poderiam restringir suas políticas em função dos interesses americanos.
Recentemente, a China também expressou preocupação com partes dos acordos firmados pela Malásia e Camboja, solicitando esclarecimentos.
A questão dos minerais críticos é sensível para a Indonésia, que depende significativamente da China em termos de capital e tecnologia para modernizar suas indústrias. O vice-ministro de Investimentos da Indonésia, Todotua Pasaribu, apontou que os investimentos chineses cresceram 31% nos últimos seis anos, totalizando mais de 35 bilhões de dólares, com aproximadamente 15 bilhões destinados ao processamento de metais.
Diante desse cenário, a Indonésia continua buscando um equilíbrio entre suas relações comerciais com os EUA e a manutenção de vínculos estratégicos com a China e a Rússia.