A Bolsa de Valores de Xangai anunciou que empresas chinesas que trabalham com foguetes comerciais reutilizáveis poderão acessar um caminho facilitado para realizar ofertas públicas iniciais de ações (IPOs). Essa nova regra isenta as empresas das exigências tradicionais relacionadas a lucros e receitas mínimas. A mudança faz parte de uma estratégia do governo chinês para incentivar investimentos privados em setores que são considerados críticos para a segurança nacional e a liderança em tecnologia.
Ao invés de se basear em métricas financeiras comuns, o novo modelo de listagem valoriza o cumprimento de marcos tecnológicos, como um lançamento orbital bem-sucedido utilizando tecnologia de foguetes reutilizáveis. Essas novas regras já estão em vigor, o que mostra a urgência do governo em regular o setor.
A iniciativa surge em um momento em que a China busca reduzir a diferença em relação aos Estados Unidos na área de tecnologia de reutilização de foguetes, mercado dominado atualmente pela SpaceX, empresa do bilionário Elon Musk. O foguete Falcon 9, da SpaceX, é o único modelo reutilizável que realiza lançamentos e recuperações regulares, mantendo quase um monopólio no setor.
Recentemente, a empresa LandSpace, que é a principal companhia privada da China nesse campo, conduziu o primeiro teste completo nacional de um foguete reutilizável, conhecido como Zhuque-3. Apesar de a missão não ter alcançado a recuperação do propulsor, o teste foi considerado um marco tecnológico importante, o suficiente para atender aos novos critérios da bolsa.
A LandSpace tem planos de realizar uma nova demonstração de recuperação do foguete até meados de 2026, quando o Zhuque-3 deve ser lançado novamente. A empresa reconhece que o alto custo do setor faz com que o acesso aos mercados financeiros seja essencial para competir globalmente.
As novas diretrizes da bolsa esclarecem que a recuperação do foguete não é uma obrigação, desde que a tecnologia reutilizável seja utilizada com sucesso para o lançamento de satélites em órbita, algo que a LandSpace já demonstrou ser capaz de fazer.
Além disso, empresas que participam de missões nacionais ou projetos espaciais tolhados pelo Estado receberão prioridade regulatória e institucional, reforçando a conexão entre o mercado financeiro e a estratégia espacial do governo chinês.
O governo de Pequim vê o domínio da SpaceX sobre os satélites de órbita baixa da Terra como um risco à segurança nacional. Em resposta a isso, a China tem acelerado o desenvolvimento de constelações próprias, que podem incluir milhares de satélites nas próximas décadas, aumentando a competição no setor espacial global.