quinta-feira, 04 de dezembro de 2025
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China: de mercado promissor a laboratório de testes para LVMH e Volkswagen

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[email protected] EM 4 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 10:54

As empresas ocidentais que atuam na China estão enfrentando uma nova realidade: o período de lucros fáceis acabou. A desaceleração da economia chinesa, que ocorre há alguns anos, tem levado os consumidores a serem mais cautelosos em seus gastos. Com a entrada de concorrentes locais cada vez mais fortes, o mercado se tornou bastante saturado, gerando uma intensa competição de preços que tem afetado as margens de lucro.

Devido a esses desafios, as marcas internacionais estão ajustando suas estratégias. Essas mudanças variam de empresa para empresa, mas geralmente envolvem adaptar produtos ao gosto dos consumidores chineses, acelerar o desenvolvimento de novos itens, alterar as abordagens de marketing e até mesmo reduzir preços.

Com uma população de 1,4 bilhão de pessoas e sendo o segundo maior mercado consumidor do mundo, a China continua sendo um local que muitas empresas não podem ignorar. Embora as vendas estejam fracas, alguns negócios consideram o país um importante laboratório de inovação.

Olivia Plotnick, fundadora da agência de marketing Wai Social em Xangai, revelou que o número de empresas americanas buscando entrar no mercado chinês caiu cerca de 75% desde a pandemia. A maioria de seus clientes atualmente é formada por marcas já estabelecidas que perceberam a necessidade de revisar suas táticas.

Nos últimos anos, a economia chinesa cresceu rapidamente, apresentando-se como um paraíso para empresas como LVMH, Starbucks, Nike, Apple e Tesla, que enfrentavam pouca competição local. Contudo, hoje, essas marcas internacionais estão perdendo espaço para rivais chineses. Um exemplo é a Starbucks, que recentemente vendeu a maior parte de suas operações na China para uma gestora local, a Boyu Capital. A marca já foi superada em vendas e número de lojas pela Luckin Coffee.

Uma pesquisa da Câmara Americana de Comércio em Xangai revelou que 63% dos entrevistados consideram a concorrência local como o maior desafio. As marcas chinesas têm sido mais rápidas na introdução de novos produtos, aumentando a pressão sobre as empresas ocidentais.

A situação econômica também contribui para o cenário difícil. Após o colapso do mercado imobiliário, que começou em 2020, a confiança do consumidor caiu, fazendo com que as famílias guardassem mais dinheiro e aumentassem a cautela nas compras. Com isso, muitas empresas estão diminuindo os preços para atrair os consumidores.

Além disso, as crescentes tensões entre EUA e China têm levado muitas corporações a adotar uma postura mais cautelosa ao tomar decisões relacionadas ao mercado chinês, impactando diretamente suas operações.

No setor automotivo, a concorrência é especialmente acirrada. A Volkswagen, que já foi a líder de mercado na China, viu seu espaço ser invadido pela chinesa BYD em 2023. As entregas da Volkswagen no país caíram 7% no último trimestre. Para se adaptar a esse novo cenário, a empresa está investindo fortemente em inovação e produção local. Durante uma feira de importação em Xangai, anunciou que está desenvolvendo seu próprio chip em parceria com uma empresa chinesa e lançando modelos mais acessíveis, como o Audi E5 Sportback, por um preço mais baixo do que seus modelos a gasolina.

Gabrielle Saint-Genis, CEO da Guerlain, também mencionou que, após anos de crescimento intenso, a empresa enfrenta agora uma concorrência mais veemente. Para se manter relevante, a Guerlain está lançando produtos de luxo a preços mais acessíveis e colaborando com artistas locais para se conectar melhor com os consumidores.

A IKEA, por sua vez, anunciou planos para reduzir preços em mais de 150 produtos e investir mais de US$ 22 milhões no mercado chinês, além de lançar novas mercadorias adaptadas para o público local.

Na área de cuidados pessoais, a Procter & Gamble relatou bons resultados após ajustar sua estratégia e focar em inovações voltadas para o consumidor chinês. A empresa apresentou novos produtos nas feiras de importação e afirmou que a competição no mercado as torna mais eficazes.

Apesar dos desafios, algumas empresas estão indo bem na China. A Ralph Lauren, por exemplo, reportou um crescimento de mais de 30% nas vendas no último trimestre, enquanto a Estée Lauder viu um aumento de cerca de 9% em sua receita. O conglomerado 3M, também, destacou que a China é sua área geográfica de maior crescimento, conseguindo desenvolver novos produtos em tempo reduzido, alinhando-se assim à velocidade das empresas locais.

Em resumo, à medida que a competição aumenta na China, as empresas ocidentais estão se adaptando rapidamente para se manterem relevantes e bem-sucedidas nesse mercado dinâmico.

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