O sururu, um molusco que por muito tempo foi visto apenas como parte da culinária nordestina, ganhou destaque significativo na economia do país. Nos últimos anos, esse molusco se tornou uma das principais fontes de proteína natural em nível nacional, especialmente em Alagoas, que lidera a produção mundial com uma extração que supera 15 mil toneladas anuais.
A coleta de sururu é um processo que envolve a participação ativa das comunidades locais. Os pescadores e marisqueiras, com profundo conhecimento das marés e do ambiente dos mangues, utilizam barcos de madeira para realizar a extração. Eles conhecem tão bem as condições do mar que conseguem determinar o momento certo para a coleta. O método é essencial, pois marés muito altas ou muito baixas podem complicar a atividade.
O trabalho de coleta é feito em equipe, com os coletores realizando movimentos metódicos para retirar o sururu do sedimento. Eles também têm um conhecimento valioso sobre os períodos de renovação das áreas de coleta, garantindo que o ecossistema se mantenha saudável e produtivo. Esse saber, transmitido de geração em geração, constitui um dos aspectos que tornam a produção de sururu no Brasil única e sustentável.
Após a coleta, o sururu é levado para as casas de beneficiamento, onde mulheres, jovens e idosos se encarregam de lavar, cozinhar e preparar o alimento para a venda. Essa atividade, que ocorre sem maquinário pesado, é marcada por organização e ritmo, refletindo um modelo de produção que prioriza a tradição.
O sucesso do sururu no Brasil se deve a três fatores principais. Primeiro, as condições naturais das águas salobras e ricas em nutrientes favorecem a produção. Segundo, a tradição dos coletores, que atua como um sistema de gestão ambiental. Por último, a cultura gastronômica sólida garante uma demanda constante por esse alimento, essencial para a economia local.
Além de ser uma proteína de baixo custo e alta qualidade nutricional, o sururu se destaca por seu papel na segurança alimentar em um país que enfrenta desigualdades. Enquanto outras fontes de proteína exigem estruturas industriais complexas, a coleta do sururu é menos impactante para o meio ambiente, já que o molusco ajuda a filtrar a água e mantém o equilíbrio nos estuários.
Alagoas é o coração da produção de sururu, transformando o molusco em um verdadeiro ativo econômico. Ele saiu das feiras tradicionais e conquistou espaço em restaurantes renomados e empreendimentos turísticos, gerando emprego, renda e abastecendo o mercado interno. O impacto social é significativo, beneficiando milhares de famílias e solidificando a identidade cultural do estado.
O futuro do sururu indica um crescimento nos mercados, com uma demanda crescente e a possibilidade de reconhecimento como patrimônio cultural. Novas discussões sobre a denominação de origem estão surgindo, o que pode ajudar a valorizar ainda mais esse produto típico, assegurando um manejo sustentável e mantendo vivo o caráter artesanal da produção. O país já é o maior produtor de sururu no mundo e busca também transformar essa proteína em um produto de maior valor agregado, sem perder suas raízes culturais.