sexta-feira, 26 de dezembro de 2025
Notícias de última hora

A possibilidade de conflito armado na Europa sob análise

editorial@mundodasnoticias.net
[email protected] EM 26 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 11:23

A ideia de um conflito armado na Europa parecia algo do passado, restrito a livros de história. No entanto, especialistas em defesa e inteligência mostram que o cenário mudou. Agora, discute-se não apenas a possibilidade de guerra, mas quando ela poderia acontecer e em quais condições. Isso indica a necessidade de uma reavaliação urgente das prioridades e do entendimento sobre segurança no continente.

Uma reunião recente em Whitehall, sede do governo britânico, reuniu militares e especialistas ligados à OTAN. Os diagnósticos foram claros: a Europa e seus aliados não estão preparados para um conflito de grande escala. As conclusões foram baseadas em avaliações de serviços de inteligência ocidentais. Os participantes afirmaram que a Rússia tem se preparado para um confronto direto com países europeus. Para eles, a única maneira eficaz de desencorajar uma guerra é garantir que se tenha capacidade real para vencer.

Apesar da necessidade de aumentar os gastos militares, especialistas alertam que isso não resolve todos os problemas. Décadas de subinvestimento em defesa deixaram lacunas difíceis de preencher rapidamente. Um aspecto preocupante é a falta de um debate público aberto sobre o tema. Analistas políticos apontam que as sociedades europeias estão mais preparadas para discutir riscos do que muitos de seus líderes. Há uma resistência em reconhecer que o chamado “dividendo da paz” terminou e que a preparação para a guerra envolve custos e mudanças profundas.

Outro ponto crucial na discussão é a chamada guerra híbrida, que inclui ataques cibernéticos, sabotagens e campanhas de desinformação. Esses eventos, frequentemente atribuídos à Rússia, fazem parte da rotina europeia atualmente. Para muitos cidadãos, a noção de conflito se tornou mais próxima, mesmo sem tropas invadindo fronteiras. A sensação de vulnerabilidade é palpável e constante.

Autoridades da OTAN indicam que a Rússia poderia ter a capacidade de atacar um país membro em até cinco anos. Alguns governos europeus falam em prazos ainda mais curtos, especialmente os países bálticos, onde o risco pode ser iminente em três anos. Apesar das negativas de Vladimir Putin quanto a intenções bélicas, analistas ressaltam que os planos da aliança dependem de capacidades que ainda não estão inteiramente disponíveis.

No Reino Unido, revisões estratégicas destacam a importância de reforçar não apenas o setor militar, mas também a infraestrutura crítica, a saúde pública, a indústria e a logística. O objetivo é garantir uma rápida adaptação a um cenário de guerra. Contudo, os especialistas citam o tempo como um fator problemático, já que a preparação completa pode levar até dez anos, enquanto os riscos podem aparecer em um prazo reduzido.

Desde 1945, a Europa experimentou o período mais longo de paz em sua história moderna, permitindo uma priorização do bem-estar social e a redução dos investimentos em defesa, com apoio dos Estados Unidos. No entanto, a invasão da Ucrânia e as instabilidades globais estão mudando essa abordagem. Atualmente, quase todos os membros da OTAN estão alcançando o investimento de 2% do PIB em defesa, com planos de chegar a 5% até 2035. Mesmo assim, há dúvidas sobre a sustentabilidade desse compromisso sem decisões que podem ser impopulares.

Preparar-se para a guerra não significa querer que ela aconteça, mas reconhecer que dissuadir inimigos vai além de palavras. A Europa enfrenta uma escolha crucial: assumir os custos necessários para se preparar e evitar um conflito ou continuar tratando a ameaça como algo distante até que se torne uma realidade. A questão central é se as sociedades europeias estão prontas para encarar essa realidade e agir antes que seja tarde demais.

Receba conteúdos e promoções