terça-feira, 02 de dezembro de 2025
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Otan reconhece a possibilidade de ataques preventivos à Rússia

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[email protected] EM 1 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 13:56

A tensão entre a Rússia e a Otan aumentou neste início de semana. O almirante italiano Giuseppe Cavo Dragone, chefe do Comitê Militar da Otan, sugeriu a possibilidade de realizar ataques preventivos para desencorajar a Rússia a continuar suas ações hostis, chamadas de “guerra híbrida”, na Europa.

Dragone destacou que a Otan está avaliando uma abordagem mais agressiva no ciberespaço. Ele afirmou: “Estamos pensando em como ser mais proativos e não apenas reativos. A dissuasão pode ser alcançada por retaliação ou até mesmo por ataques preventivos, e precisamos analisar essa questão com profundidade”.

O Comitê Militar da Otan, do qual Dragone é o líder, é responsável por orientar as ações dos 32 países membros da aliança, liderados pelos Estados Unidos. A guerra híbrida inclui táticas como sabotagem e ataques cibernéticos, que muitas vezes podem ser negadas pelos envolvidos. Vários países europeus acusam a Rússia de estar por trás de atos, como a recente explosão em uma ferrovia na Polônia, que o governo russo rejeita, considerando as acusações como paranoia.

A resposta de Moscou à declaração de Dragone foi contundente. O ministério das Relações Exteriores da Rússia qualificou suas sugestões como “extremamente irresponsáveis” e indicativas de um desejo de confronto. Na semana passada, o presidente Vladimir Putin comentou que a ideia de que a Rússia planeja atacar a Otan, o que poderia levar a uma Terceira Guerra Mundial, é absurda. Segundo ele, membros europeus da Otan estariam incentivando a continuidade da guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 2022, como uma maneira de desestabilizar seu país.

Dragone mencionou a operação Sentinela Báltico, iniciada no começo de 2023, como um exemplo de como ações militares proativas podem ser efetivas sem elevar a situação a um conflito aberto. Até o momento, o mar Báltico foi cenário de diversos incidentes relacionados a danos em cabos submarinos de energia e dados, atribuídos a navios de origem russa e chinesa, mas sem provas concretas.

Embora tenham ocorrido intercorrências, como um avião francês sendo monitorado por radares de baterias antiaéreas russas em Kaliningrado, as interceptações aéreas entre os dois lados continuam a ocorrer semanalmente. Dragone acredita que essas interações mostram que a dissuasão está funcionando.

Esse aumento nas tensões vem em uma conjuntura em que o governo de Donald Trump tenta negociar um acordo de paz para a Ucrânia, mas a complexidade das questões já atrasou as negociações. Durante o fim de semana, representantes ucranianos e americanos se encontraram na Flórida. A situação política na Ucrânia se agravou, especialmente após a demissão do principal assessor do presidente Volodimir Zelenski, Andrii Iermak, após uma operação de agentes anticorrupção em sua residência.

Iermak estava trabalhando em uma proposta que envolvia a Rússia, mas o Kremlin rejeitou as mudanças. Na próxima terça-feira, o negociador americano Steve Witkoff deve se reunir em Moscou com Putin, nesta que será a sexta reunião entre os dois neste ano. É possível que ele seja acompanhado por Jared Kushner, genro de Trump, que participou das conversas recentes.

A Europa teme que os termos que haviam sido ajustados anteriormente possam ser revertidos, uma vez que Witkoff é visto como alguém favorável ao Kremlin. Com isso, Zelenski viajou a Paris nesta segunda-feira para se encontrar com o presidente Emmanuel Macron. Macron busca liderar uma resposta à pressão de Trump, preocupado com uma possível capitulação forçada da Ucrânia, mas os recursos disponíveis na Europa são limitados.

Enquanto as discussões diplomáticas se intensificam, o conflito na Ucrânia continua. Nesta segunda-feira, um ataque com mísseis em Dnipro resultou na morte de três pessoas e deixou cerca de doze feridos.

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