A China está participando em pé de igualdade do processo de licitação para a construção de dois novos portos no Canal do Panamá. A informação foi confirmada na terça-feira, dia 25, pelo administrador do canal, Ricaurte Vásquez, que ressaltou a importância de manter a concorrência aberta a todas as partes interessadas.
A declaração do administrador ocorre em um momento em que os Estados Unidos, liderados pelo presidente Donald Trump, levantaram preocupações sobre o controle chinês na região. Trump afirmou que o canal estaria sob influência da China, uma vez que a empresa Hutchison Holdings, de Hong Kong, opera os portos de Balboa, no Pacífico, e Cristóbal, no Atlântico.
Em resposta a essas tensões, a Hutchison Holdings concordou em vender ambos os terminais a um conglomerado que inclui a empresa americana BlackRock. No entanto, a China expressa desconfiança em relação a essa transação e atualmente busca participar das novas obras portuárias.
“Precisamos estar abertos à participação de todas as empresas interessadas”, afirmou Vásquez, reforçando que a proposta é promover uma concorrência justa. Quanto a possíveis repercussões com os Estados Unidos, o administrador optou por não especular, alegando que primeiro é preciso ver como o processo se desenrola.
As reuniões para discutir a licitação da construção dos portos de Corozal e Telfers, que estão programadas para começar na próxima segunda-feira, envolverão diversos consórcios. Dentre as empresas manifestamente interessadas estão a Cosco Shipping Ports e a Orient Overseas Container Line, ambas de Hong Kong.
O Canal do Panamá, que planeja investir cerca de 8,5 bilhões de dólares em projetos na próxima década, não se limita apenas à construção dos novos portos. O plano também inclui a construção de um gasoduto e um novo reservatório, com a previsão de que as obras dos terminais sejam licitadas em 2026 e que as operações comecem em 2029.
Além de empresas chinesas, estão na lista de interessadas empresas de outras nacionalidades, como a singapurense PSA International, a taiwanesa Evergreen, a alemã Hapag Lloyd, a dinamarquesa Maersk e a francesa CMA Terminals.
Os principais portos do Panamá, que são operados por concessionárias dos Estados Unidos, Taiwan, Hong Kong e Singapura, estão localizados próximos ao canal, que ao longo de seus 80 quilômetros de extensão é vital para o comércio marítimo global, movimentando cerca de 5% de todo o tráfego marítimo do mundo.
Historicamente, em 1977, os Estados Unidos concordaram em entregar o controle do canal ao Panamá, após quase um século de administração. Essa transição se concretizou em 31 de dezembro de 1999, quando a gestão da rota foi oficialmente passada para o país panamenho.