Na última terça-feira, 25, caças romenos e alemães da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) foram enviados à fronteira da Romênia com a Ucrânia. Essa ação foi uma resposta a uma invasão de drones no espaço aéreo da Romênia, que o governo local classificou como uma provocação da Rússia. Desde setembro, drones atribuídos à Rússia têm feito incursões em vários países da Europa, incluindo Polônia, Romênia, Estônia e Bélgica. Este fenômeno é visto como parte de uma “guerra híbrida” sendo conduzida pela Rússia.
O ministro da Defesa romeno, Ionut Mosteanu, informou que os pilotos da Otan estavam preparados para derrubar um drone que entrava repetidamente no espaço aéreo romeno. No entanto, decidiram não atacar para evitar danos em terra. Posteriormente, fragmentos de drones sem explosivos foram encontrados no país. Além disso, ataques de drones russos foram relatados em portos ucranianos durante a noite, próximos à fronteira com a Romênia, que se estende por 650 km do outro lado do rio Danúbio.
“Estamos lidando com uma nova provocação russa. Os caças Eurofighter da Alemanha tentaram derrubar o drone, mas a avaliação dos riscos levou à decisão de não atacar”, comentou Mosteanu. O ministério acionou inicialmente dois caças Eurofighter, que registraram um drone no condado de Tulcea, no sudeste do país. Logo depois, aeronaves F-16 romenas foram acionadas devido à detecção de um novo drone no condado de Galati.
Depois da confirmação de uma nova violação do espaço aéreo, mais dois Eurofighters foram enviados. Os pilotos notaram que o drone estava se movendo em direção ao condado de Vancrea, distante da fronteira e a mais de 100 km da costa. Moradores das áreas afetadas foram alertados para buscar abrigo, mas o aviso foi posteriormente cancelado. Este foi o 13º incidente de violação do espaço aéreo romeno desde o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022. No entanto, esse foi considerado um dos mais graves, pois ocorreu em profundidade no território e durante o dia pela primeira vez.
Em relação às medidas de segurança, o comandante do Exército dos Estados Unidos na Europa e África, Christopher Donahue, durante uma visita às tropas norte-americanas na base aérea Mihail Kogalniceanu, afirmou que uma nova tecnologia para abater drones está sendo implementada na Romênia. Ele mencionou que os testes estão quase concluídos e que as tropas romenas e de outros países aliados já foram treinadas para operar essa tecnologia.
Recentemente, a Romênia anunciou que os Estados Unidos devem reduzir o número de tropas na região. Atualmente, cerca de 900 dos 1.700 militares americanos permanecem na área, enquanto o restante é alvo de um processo de “redimensionamento”. Essa mudança ocorre em um contexto em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, direcionou esforços militares para outras regiões, como o Caribe e o Pacífico.
Com a retirada de uma brigada americana que estava presente na base aérea Mihail Kogalniceanu, a segurança na região pode ficar comprometida. O ministro Mosteanu não esclareceu se tropas também deixarão outros países da região, como Bulgária, Romênia, Eslováquia e Hungria. Por outro lado, o governo polonês afirmou que não possui informações sobre quaisquer mudanças nas tropas norte-americanas em seu território.
Um funcionário da Otan, que pediu anonimato, destacou que o apoio dos EUA à aliança é forte e que ajustes desse tipo são comuns. Segundo ele, mesmo com as reduções, a presença militar dos Estados Unidos na Europa é maior do que em muitos anos, com mais de 100 mil militares no continente.
A diminuição da presença militar, contudo, gera preocupações sobre possíveis novas incursões de drones pela Rússia. Em setembro, a Otan lançou a operação “Eastern Sentry” para proteger o flanco leste da Europa, abrangendo países como Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Eslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária. A aliança já possui contingentes significativos na Europa Oriental, com milhares de soldados na região.