O governo da França lançou nesta quinta-feira (20) um guia com orientações para preparar a população para situações de crise, que podem incluir desde catástrofes naturais até conflitos armados. O documento, intitulado “Todos são responsáveis”, avisa que a possibilidade de o país se envolver em uma guerra para apoiar um aliado não deve ser ignorada.
Disponível online, o guia possui mais de vinte páginas e pode ser acessado por meio de sites de ministérios e administrações regionais. Entre as recomendações, destaca-se a importância de montar um kit de sobrevivência.
O guia visa auxiliar os cidadãos a agir de maneira eficiente em tempos de crise. Segundo o governo francês, cada pessoa deve se considerar responsável por sua segurança e pela segurança do país. O lançamento do manual foi anunciado anteriormente, em março.
O documento alerta que eventuais crises podem causar interrupções significativas na sociedade, como quedas prolongadas de energia elétrica, fechamento de repartições públicas e falta de serviços essenciais. Além disso, não se descarta a possibilidade de falhas na internet e sistemas de pagamento.
Para enfrentar essas situações, o guia sugere que as pessoas se preparem para ficar sem ajuda por vários dias. Também menciona a ameaça de ciberataques e desinformação que podem ser promovidos por grupos hostis.
Outro ponto destacado é a preparação para o envio de tropas em apoio a um país aliado. O guia menciona a Ucraniana como um exemplo e alerta para possíveis operações que buscam desestabilizar a sociedade em retaliação ao apoio da França.
### Kit de sobrevivência e preparação para guerra
O governo também enfatiza a necessidade de um kit de emergência. Entre os itens sugeridos, estão um rádio a pilhas para receber informações oficiais, seis litros de água por pessoa, alimentos não perecíveis e um estojo de primeiros socorros. Os cidadãos devem incluir medicamentos, dinheiro em espécie e cópias de documentos em uma bolsa impermeável.
Além disso, o guia estimula a população a estar atenta a um possível conflito. As Forças Armadas estão se preparando em conjunto com aliados da OTAN e da União Europeia, e a França possui armamento nuclear como forma de dissuasão. O texto ressalta que ser consciente dos riscos não significa ser alarmista.
Entretanto, a mensagem do governo sobre os possíveis sacrifícios gerou reações diversas. O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Fabien Mandon, fez uma declaração impactante ao dizer que o país deve estar preparado para “aceitar perder seus filhos” em uma eventual guerra. Isso causou surpresa e críticas na opinião pública, com opositores acusando o governo de estar preparando a população para um conflito.
A tensão com a Rússia, especialmente após a invasão da Ucrânia, levou as autoridades a alertar sobre a crescente instabilidade na Europa. A situação tem gerado debates sobre a disposição dos franceses em se envolver em um conflito, especialmente em apoio a um país distante como a Ucrânia.