A nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos, divulgada pela Casa Branca em 4 de dezembro, destaca a intenção do governo americano de aumentar sua presença militar e influência na América Latina. O documento de 33 páginas, assinado pelo presidente Donald Trump, inicia com a afirmação de que sua administração agiu rapidamente para restaurar a força do país.
Entre as principais diretrizes, Trump ressalta a necessidade de combater a imigração ilegal, conter o narcotráfico e fortalecer laços com aliados no continente. Ele propõe uma abordagem que remete à Doutrina Monroe, que, na década de 1820, estabeleceu que os Estados Unidos protegeriam a América Latina contra potências europeias. A nova estratégia, chamada de “corolário Trump à Doutrina Monroe” ou “Doutrina Donroe”, visa reafirmar o papel dos EUA na região.
A Doutrina Monroe, original, buscava evitar a influência estrangeira no hemisfério e, segundo o documento atual, os EUA planejam restaurar essa segurança. Trump afirma que a presença militar deve ser mais estratégica e que existem planos para ações mais firmes contra crimes e ameaças externas. Essa nova postura inclui a possibilidade de usar força letal, uma mudança em relação a abordagens anteriores, que se baseavam mais na aplicação da lei.
O foco da estratégia de Trump é resolver problemas que, segundo ele, têm origem na América Latina, como a imigração. Com metade dos imigrantes nos EUA vindos da região, ele vê isso como uma prioridade. Além disso, o documento destaca que cartéis de drogas são uma preocupação, já que a maioria da cocaína consumida nos EUA provém de países como Colômbia, Peru e Bolívia.
Em termos econômicos, a estratégia busca melhorar acordos comerciais com os países da América Latina, impulsionando o crescimento das economias regionais e fomentando uma relação comercial mais forte. Isso inclui o uso de tarifas e acordos comerciais recíprocos para tornar o mercado da região mais atraente para investimentos americanos. A ideia é que um hemisfério ocidental mais robusto economicamente traga benefícios tanto para os EUA quanto para seus aliados.
Recentemente, iniciativas como a presença do porta-aviões USS Gerald R. Ford no Caribe refletem essa nova postura militar dos EUA, que busca destacar uma presença mais ativa na região. A nova estratégia propõe destacar ações militares em resposta a ameaças e uma abordagem mais rigorosa sobre a segurança nacional na América Latina.
Além disso, o governo americano pretende recompensar líderes e países que alinharem suas políticas com os interesses dos EUA. Isso foi evidenciado em anúncios de ajuda financeira, como um pacote de US$ 20 bilhões destinado à Argentina e acordos comerciais com outros países da região.
Entretanto, muitos analistas observam que essa estratégia pode se concentrar mais em mitigar ameaças do que em explorar oportunidades econômicas na região. A preocupação principal parece ser evitar que problemas da América Latina se transformem em desafios diretos para os Estados Unidos, em vez de focar em possibilidades de crescimento conjunto.