domingo, 28 de dezembro de 2025
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Sinos de igrejas roubados pelos nazistas são alvo de estudos

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[email protected] EM 28 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 12:24

Durante a Segunda Guerra Mundial, a vida nas cidades e vilarejos da Europa foi profundamente afetada pela requisição de sinos de igrejas, uma medida tomada pelo regime nazista. Em um relato do verão de 1943, a jovem Anne Frank, que se escondia em Amsterdã, expressou sua confusão temporal em razão do silêncio provocado pela ausência dos sinos da igreja da Westerkerk, próximo ao seu esconderijo. Com o desvio dos sinos para a produção de munição, muitas pessoas perderam a noção do tempo.

Os nazistas, sob o comando de Hitler, requisitaram cerca de 175 mil sinos de toda a Europa. O principal objetivo era extrair cobre e estanho destes sinos para serem fundidos e transformados em armamentos. Essa apropriação foi considerada um crime de guerra, além de ser vista como um ato de profanação pela Igreja Católica.

Historiadores destacam que a perda dos sinos teve um impacto significativo nas comunidades. Kirrily Freeman, professora de História, menciona que a remoção dos sinos, muitas vezes ocorrendo de forma violenta, trouxe um grande vazio sonoro para as cidades, que tinham vivido por séculos ao som de seus sinos.

Em muitas localidades, a comunidade mobilizou-se após a guerra para substituir os sinos perdidos. Rainer Schütte, historiador e curador especializado em sinos, revela que levou quase 20 anos para que a maioria dos sinos confiscados fosse reposta. Muitas comunidades optaram por adicionar carrilhões, que foram concebidos como memoriais em homenagem às vítimas da guerra.

A requisição de sinos começou em março de 1940, com um decreto que ordenava a coleta de sinos em toda a Alemanha e nas regiões ocupadas. Sinos fundidos antes de 1450 não deveriam ser retirados; no entanto, aqueles fabricados a partir de 1700 foram levados para fundição. O músico Percival Price constatou que, só na Alemanha, 102.500 sinos foram retirados. Na Polônia, cerca de 20.800 sinos de igrejas foram destruídos.

Anne Frank fez várias referências aos sinos da Westerkerk em seu diário. Ela descreveu ouvir os sinos tocar em momentos importantes, como durante casamentos, evidenciando a importância desses sons na vida diária das pessoas. Embora os sinos da igreja não tenham ficado completamente silenciosos durante a guerra, o maior sino da Westerkerk foi confiscado em 1943 e só voltou a tocar em novembro daquele ano.

Ao final da guerra, em maio de 1945, com a libertação da Holanda, a população de Amsterdã se reuniu em frente à Westerkerk. O momento foi marcante, com a bandeira nacional sendo hasteada e o hino ressoando pelo carrilhão da antiga igreja, simbolizando um renascimento após anos de silêncio e opressão.

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