sábado, 27 de dezembro de 2025
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Fitas da novela “Canoa do Bagre” somem e Tim Maia denuncia censura

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[email protected] EM 27 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 11:25

“Canoa do Bagre”: A História de uma Novela Esquecida

“Canoa do Bagre” foi uma novela exibida pela Record em 1997, marcando a primeira produção da emissora em 20 anos. O protagonista da trama foi Carmo Dalla Vecchia, enquanto Rômulo Arantes, que faleceu em 2000, teve um papel importante. Na época, a gestão de Edir Macedo, dono da emissora, estava apenas começando. Recentemente, pesquisadores têm se debruçado sobre a obra, que parece ter sido esquecida no acervo da Record. De acordo com informações, a emissora não tinha um padrão de arquivamento estabelecido, resultando na perda significativa de material, com apenas os primeiros e últimos capítulos supostamente preservados.

Entre os incidentes que marcaram a estreia da novela, uma polêmica em torno do cantor Tim Maia se destacou. Ele alegou que Edir Macedo censurou uma de suas músicas que estava prevista para a trilha sonora de “Canoa do Bagre”. Tim relatou que o diretor Atílio Riccó havia solicitado uma canção sobre a vida difícil dos pescadores. Ele compôs “Do Fundo do Coração”, mas a letra foi considerada inadequada por Macedo, que não aceitou versos que abordavam a miséria. Em vez da obra de Tim, a Record optou pela canção “Jangada”, de Dorival Caymmi, como tema de abertura.

A novela foi concebida em um contexto de orçamento limitado e ambições modestas. O enredo se passava em Canoa do Bagre, uma fictícia vila de pescadores que viviam à margem da sociedade. A produção para cada capítulo custava cerca de R$ 25 mil, totalizando em torno de R$ 2 milhões. Os personagens estavam frequentando cultos da Igreja Universal, com um personagem principal, o pastor Luiz, interpretado por Fernando Kojin. A proposta inicial da produção era um híbrido de docudrama e ficção, mas a obra acabou sendo reclassificada como uma novela para se ajustar à grade da emissora.

Em Bertioga, no litoral paulista, foi construída uma cidade cenográfica para abrigar as gravações. O elenco contava com veteranos do teatro e da televisão, como Gianfrancesco Guarnieri e Othon Bastos. Entretanto, essa história não teve um final feliz. “Canoa do Bagre” foi tirada do ar poucos meses após a estreia, substituída por outra novela, “Estrela de Fogo”, com uma saída discreta.

A audiência também foi um fator determinante para o fracasso da novela. Segundo dados do Ibope, “Canoa do Bagre” registrou apenas 2 pontos de audiência, enquanto a principal novela da Globo, “A Indomada”, alcançou 48 pontos no mesmo período. Esse contraste evidencia o desinteresse do público pela trama.

Recentemente, muitos se lembraram dessa novela quase esquecida, não apenas pela sua história, mas também por tudo o que ela representou na trajetória da Record. Apesar de ter sido uma experiência breve, “Canoa do Bagre” faz parte da memória da televisão brasileira e das mudanças que ocorreram no setor nas últimas décadas.

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