quinta-feira, 25 de dezembro de 2025
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Europa revisa prioridades e eleva gastos com defesa sem EUA

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[email protected] EM 25 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 10:24

A Europa de 2026 pode ser muito diferente daquela que foi moldada após a Segunda Guerra Mundial, período em que os Estados Unidos desempenharam um papel fundamental na reconstrução do continente. Após a guerra, iniciativas como o Plano Marshall e a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ajudaram os países europeus a se reorganizarem, promovendo um modelo baseado em paz, cooperação e bem-estar social. No entanto, a reemergência de um governo semelhante ao de Donald Trump nos EUA traz à tona a necessidade de os europeus reavaliarem suas estratégias e buscarem maior independência.

As principais mudanças que se desenham até 2026 incluem a redefinição das prioridades econômicas, de defesa e ambientais na Europa. A busca por maior competitividade no cenário global tem levado os países europeus a se distanciar da dependência da indústria de armamentos americana. De acordo com a economista e diplomata francesa Laurence Tubiana, a Europa está passando por um momento crítico e precisa urgentemente estabelecer uma autonomia econômica e estratégica, especialmente em resposta às incertezas provocadas pela política americana.

Para alcançar esse objetivo, as instituições europeias estão pressionando para aumentar a competitividade no mercado global. Isso ocorre em meio a desafios nas relações comerciais com os Estados Unidos. A especialista Emilie Tricarico, do Escritório Europeu para Meio Ambiente, ressalta que a Europa precisa investir mais em sua defesa, o que pode significar cortar gastos em áreas como bem-estar social e proteção ambiental. Até agora, os países europeus não chegaram a cumprir a maioria das metas estabelecidas para a proteção do meio ambiente até 2030.

Em um movimento para reforçar a segurança e a defesa, a Europa anunciou um pacote de investimento de € 800 bilhões, destinados a aumentar os gastos militares. Parte desse investimento irá para a compra de equipamentos, como sistemas de artilharia e drones, enquanto os países também se comprometem a aumentar o recrutamento para suas Forças Armadas. A França, por exemplo, planeja aumentar seu orçamento de defesa em mais de € 6 bilhões nos próximos dois anos.

Além disso, a invasão da Ucrânia pela Rússia provocou um aumento no poder econômico e político dos setores de petróleo e gás, dificultando o avanço de iniciativas climáticas. Esse cenário poderá se intensificar, pois a UE parece disposta a relaxar algumas regulamentações ambientais para atender às necessidades de competitividade e inovação.

Outro ponto importante é a intenção da Comissão Europeia de chegar a um acordo comercial com o Mercosul, que pode oferecer novas oportunidades para o comércio em um momento em que as tarifas americanas aumentam. Esse movimento foi impulsionado pela busca de parceiros alternativos, como a China e países da América Latina.

Recentemente, o presidente francês Emmanuel Macron e outros líderes europeus têm buscado maneiras de equilibrar os superávits comerciais com a China, além de incentivar empresas chinesas a investir diretamente na Europa. Essa nova dinâmica política também tem gerado divisões dentro da Europa, com algumas nações priorizando o fortalecimento do livre comércio e outras defendendo uma abordagem mais protecionista.

Visando a diversificação, a Europa está avaliando novos parceiros comerciais, inclusive com o intuito de melhorar os laços com países em desenvolvimento, como os que fazem parte do bloco BRICS. A situação está em constante evolução, e os próximos anos serão fundamentais para determinar como a Europa se posicionará no cenário global.

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