quarta-feira, 24 de dezembro de 2025
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Por que Pequim e Moscou se distanciam de Maduro na Venezuela

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[email protected] EM 23 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 20:54

Mudanças nas Relações da Venezuela com Rússia e China

Desde que Hugo Chávez assumiu a presidência da Venezuela em 1999, o país tem buscado apoio estratégico de nações como China e Rússia. Essa parceria foi intensa durante o governo de Chávez e continuou com seu sucessor, Nicolás Maduro, especialmente durante os momentos de crise política. Em 2019, por exemplo, o reconhecimento internacional do opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino, teve o apoio de Estados Unidos e de diversos outros países. No entanto, tanto a China quanto a Rússia se posicionaram contrárias a esse movimento, fornecendo apoio militar e econômico a Maduro.

Quase seis anos depois, Maduro enfrenta uma das crises mais críticas de seu governo. Diferentemente do passado, o apoio direto de China e Rússia não é tão evidente. Embora ambas as potências tenham feito declarações pedindo calma, não demonstraram disposição concreta para ajudar Maduro neste momento.

Em resposta a essa situação, Maduro solicitou à Rússia e à China colaboração para fortalecer suas forças armadas, incluindo pedidos específicos para reparar aviões de combate e melhorar sistemas de radar. Entretanto, os apoios que Maduro costumava receber já não se mostram disponíveis e, segundo especialistas, a situação continua a piorar.

Fernando Reyes Matta, diretor do Centro de Estudos sobre a China da Universidade Andrés Bello, aponta que Maduro está em uma situação crítica e que os apoios do passado se tornaram apenas retóricas. Recentemente, a Rússia fez declarações de apoio à soberania da Venezuela, mas isso parece distante do suporte militar demonstrado em 2018, quando enviou recursos significativos, como pilotos e bombardeiros, para apoiar o governo de Maduro.

Na perspectiva da China, a situação da Venezuela perdeu importância estratégica, especialmente com a ascensão novamente de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Os interesses econômicos de Pequim estão mais voltados para garantir a devolução dos empréstimos já feitos, que somam bilhões de dólares, do que para um novo investimento no governo de Maduro.

Ao longo dos anos, a Venezuela recebeu entre 50 e 60 bilhões de dólares em empréstimos da China, tornando-se um dos principais destinos de investimento chinês na América Latina. No entanto, a grave crise econômica que o país enfrenta e a má gestão de sua indústria petrolífera fizeram com que a China reavaliasse a extensão de seu apoio, mantendo apenas relações que garantam o reembolso do que já foi concedido.

Os analistas acreditam que, apesar de manter alguma retórica de apoio a Maduro, tanto Rússia quanto China estão cada vez mais cautelosas. Ambas as potências temem consequências negativas ao apoiar um governo que enfrenta uma forte oposição interna e acúmulo de acusações de fraude nas últimas eleições.

Essa nova dinâmica revela que Maduro não pode mais contar com o apoio categoricamente irrestrito que teve anteriormente. Sem o respaldo concreto de seus aliados tradicionais, a estabilidade de seu governo dependerá mais de sua capacidade de resistência e da postura dos Estados Unidos sob a gestão de Trump, que tem ameaçado intensificar suas ações contra o governo venezuelano, labelando Maduro como líder de um cartel de narcotráfico.

Essa situação coloca em xeque não apenas a sobrevivência de Maduro, mas também as relações da Venezuela com potências que, no passado, foram fundamentais para a manutenção do seu regime.

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