segunda-feira, 08 de dezembro de 2025
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Baterias de lítio: solução para salvar redes elétricas globais

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[email protected] EM 8 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 12:53

As baterias de íon-lítio, conhecidas por alimentarem dispositivos como celulares e carros elétricos, estão se tornando essenciais nas redes elétricas em todo o mundo. Essas baterias são instaladas próximas a parques solares e turbinas eólicas, atuando como um sistema de armazenamento de energia. Elas acumulam energia quando há excesso e a liberam em momentos de alta demanda, ajudando a prevenir apagões e diminuindo a necessidade de usinas que geram energia a partir de combustíveis fósseis.

Embora essa tecnologia tenha surgido nos Estados Unidos na década de 1970, seu uso em larga escala nas redes elétricas foi considerado inviável por muitos anos. A mudança começou há cerca de 15 anos com um projeto inovador no deserto do Atacama, no Chile. Engenheiros da empresa americana AES instalaram uma bateria em uma região com temperaturas extremas, quase 3.000 metros acima do nível do mar. Na época, o Chile enfrentava uma crise energética devido à falta de gás natural da Argentina, o que fez o país depender de usinas termelétricas a carvão. No entanto, essas usinas não conseguiam acompanhar as oscilações rápidas na demanda de energia, especialmente em relação à exploração das minas de cobre e lítio.

A nova bateria conseguiu fornecer energia imediata, ao contrário das usinas termelétricas, que demoravam até 12 minutos para entrar em operação. O projeto foi bem-sucedido e inspirou iniciativas semelhantes em diversos estados dos EUA, como Nova York, Texas e Califórnia. Desde então, o uso global de baterias de íon-lítio cresceu exponencialmente, principalmente devido à queda de 90% nos custos ao longo dos últimos 15 anos.

Atualmente, essas baterias são fundamentais para manter o equilíbrio entre a geração e o consumo de energia, especialmente com o aumento das fontes renováveis, como a energia solar e eólica. Na Califórnia, por exemplo, os alertas de economia de energia em dias quentes praticamente desapareceram desde 2022. O estado ampliou sua capacidade de armazenamento em 30 vezes desde 2018, permitindo que o uso da energia solar se estenda mesmo após o pôr do sol.

A importância das baterias não se restringe apenas aos Estados Unidos. Países como China, Europa, Índia, Chile e Austrália estão investindo na instalação de grandes volumes de baterias para apoiar suas redes elétricas abastecidas por fontes renováveis. Entretanto, o caminho para essa adoção não foi fácil. No início, muitos executivos do setor energético consideraram as baterias arriscadas e caras. Até hoje, em algumas regiões, como o sudeste dos EUA, a aceitação dessas tecnologias ainda é baixa, em comparação com estados mais avançados como a Califórnia.

Além disso, houve preocupações relacionadas à segurança, como no caso de um incêndio em um complexo de baterias na Califórnia em 2023. Especialistas explicam que esse incidente envolveu um tipo de bateria que não é mais usado, e que as novas instalações são projetadas para minimizar riscos.

No Chile, os resultados começam a aparecer. Em dezembro de 2023, mais de 40% da energia gerada no país teve como fonte a energia solar e eólica, um aumento significativo em relação aos 19% registrados cinco anos atrás. Atualmente, as baterias são vistas não apenas como uma solução de armazenamento, mas também como alternativas às usinas de pico, que operam apenas algumas horas por dia para atender a alta demanda.

Assim, a visão do setor energético está mudando. O que começou como um experimento em um remoto deserto agora integra um novo modelo de geração e consumo de energia que promete ser mais sustentável e eficiente. As baterias de íon-lítio estão se consolidando como parte vital desse futuro.

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