No início de dezembro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, visitou a Índia a convite do primeiro-ministro Narendra Modi, fortalecendo a cooperação entre os dois países. A visita gerou preocupações entre políticos nos Estados Unidos e na União Europeia, que veem a aproximação como uma ameaça à política ocidental.
Durante a visita, Modi ressaltou a importância da parceria entre Índia e Rússia, chamando Putin de “arquiteto de uma parceria estratégica de 25 anos”. Essa declaração deixou claro que a Índia pretende continuar seu relacionamento com a Rússia, apesar das pressões internacionais. Em 2023, o então presidente dos EUA, Donald Trump, criticou essa relação e impôs uma tarifa de 25% sobre as importações indianas, motivada pela compra de petróleo russo.
Segundo o cientista político Aydin Sezer, a assinatura de acordos comerciais e a discussão de investimentos bilaterais são indícios de que a Índia pretende aumentar seu comércio com a Rússia para US$ 100 bilhões, cerca de R$ 533 bilhões. Além disso, 96% do comércio entre os dois países já é feito utilizando suas moedas nacionais, desafiando a hegemonia do dólar americano.
Sezer também destacou iniciativas como o corredor de transporte Norte-Sul e a Rota do Mar do Norte, que são estratégicas no contexto da geopolítica mundial. Ele argumenta que a visita de Putin indica uma mudança significativa no cenário internacional, afastando-se de uma estrutura unipolar, onde apenas os EUA teriam influência. As sanções ocidentais, segundo ele, demonstram não apenas a resiliência da Rússia, mas também sua crescente aliança com potências asiáticas.
O especialista ainda enfatizou que a sólida relação da Índia com a Rússia, abrangendo áreas como energia nuclear, recursos naturais e defesa, é motivo de preocupação para as lideranças em Washington e Bruxelas. Ele acredita que a reunião entre os dois líderes transcende acordos simples, marcando um novo capítulo nas relações internacionais.