Tensões Entre Rússia e Europa em Meio a Novas Negociações de Paz na Ucrânia
SÃO PAULO – O presidente russo, Vladimir Putin, fez declarações provocativas enquanto se preparava para um encontro com representantes da administração de Donald Trump, destinado a discutir uma solução para o conflito na Ucrânia, que começou em 2022. Em um evento em Moscou, Putin declarou que a Rússia está pronta para enfrentar a Europa, afirmando que, se os europeus decidissem lutar, estaria preparado para o combate. Ele destacou que “não sobraria ninguém” para negociar um futuro acordo de paz.
Os comentários de Putin surgiram em resposta a questionamentos sobre a opinião do chanceler húngaro a respeito do possível aumento das tensões com Moscou. O presidente russo também expressou suas frustrações sobre as mudanças propostas pelos europeus ao plano de paz inicialmente elaborado, que tinha sido considerado altamente favorável à Rússia.
Entre as mudanças, estavam a possibilidade da Ucrânia se juntar à OTAN e a recusa em reconhecer a ocupação de cerca de 20% do território ucraniano pela Rússia. Putin classificou essas demandas como “absolutamente inaceitáveis”, alegando que são tentativas de sabotar as negociações. Apesar de afirmar que não deseja um conflito com a Europa, ele acabou mudando seu tom para um discurso mais belicoso, indicando que a Rússia está disposta a reagir.
Essa retórica parece ter como objetivo pressionar os aliados da Ucrânia e atrair mais apoio dos Estados Unidos. A Rússia pinta a Europa como uma adversária, alegando que os países europeus buscam prolongar a guerra em uma tentativa de debilitar Moscou, algo que os europeus negam.
Desde o início do conflito, o clima de hostilidade na Europa aumentou significativamente, com um movimento de rearmamento em andamento. Apesar disso, a Europa contava com a suposta proteção dos Estados Unidos, coisa que pode não ser garantida com um novo governo republicano, caso Trump seja reeleito. Isso leva muitos governos europeus a preverem um possível conflito com a Rússia até 2030, ou até antes do término do mandato de Trump, em janeiro de 2029.
Putin se mostra otimista após uma recente vitória militar: a captura de Pokrovsk, uma importante base logística ucraniana na região de Donetsk. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenski, no entanto, minimiza essa conquista, afirmando que as derrotas registradas não refletem a verdadeira situação no campo de batalha.
A queda de Pokrovsk poderia abrir caminho para a Rússia avançar no restante da região de Donetsk. Putin ressaltou que suas forças estão no controle da área e confirmou novas vitórias, incluindo a tomada de vilas no sul da Ucrânia. Ele também ameaçou isolar a Ucrânia do mar após recentes ataques a navios mercantes russos.
Enquanto isso, os representantes da administração Trump se encontraram com o negociador russo Kirill Dmitriev antes de se reunirem com Putin. Dmitriev divulgou um vídeo promovendo a ideia de um “túnel Putin-Trump”, sugerindo uma possível colaboração econômica em um cenário de paz.
Zelenski, que estava na Irlanda após visitas à França, expressou preocupação em ser excluído das negociações. Ele busca manter seus aliados europeus engajados nas discussões, algo que considera essencial, já que Trump parece não priorizar esse aspecto.
Para complicar ainda mais sua situação, Zelenski enfrenta um escândalo de corrupção no setor de energia, que levou à destituição de um importante membro de seu governo. Ele enfatiza que é uma oportunidade crucial para discutir a paz, prometendo que não haverá acordos sem “decisões difíceis” que garantam os interesses ucranianos.
Zelenski também pediu que ativos russos congelados no exterior sejam usados para ajudar a financiar a defesa da Ucrânia e sua reconstrução, mas essa proposta enfrenta resistência. O Banco Central Europeu rejeitou um plano da União Europeia que buscava usar reservas de 300 bilhões de dólares como garantia para um empréstimo substancial à Ucrânia, considerando que isso poderia ser ilegal segundo a visão de Moscou.