A China fez acusações sérias contra o Japão, afirmando que o país asiático ameaçou uma intervenção militar em Taiwan. A polêmica começou após declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, que mencionou a possibilidade de que Tóquio reagisse caso a China mobilizasse suas forças na ilha.
Esse posicionamento foi formalizado em uma carta enviada ao secretário-geral da ONU, António Guterres, pelo representante permanente da China, Fu Cong. No documento, Cong descreve as falas de Takaichi como “abertamente provocadoras” e afirma que ela se tornou a primeira líder japonesa desde 1945 a sugerir a possibilidade de uma “intervenção armada”.
Para o governo chinês, essas declarações configuram uma ameaça de uso da força e desafiam interesses importantes da China. A carta também critica o Japão por se recusar a mudar sua postura, mesmo após protestos formais de Pequim.
Cong classificou as afirmações como “extremamente errôneas e perigosas”, salientando que elas violam normas internacionais e ameaçam a ordem estabelecida após a Segunda Guerra Mundial. Ele também destacou que tais declarações podem reativar feridas históricas, especialmente entre os países que sofreram agressões durante a ocupação japonesa no século 20.
Além disso, o representante enfatizou que Taiwan é uma parte essencial da China e que todas as questões relacionadas à ilha devem ser tratadas pelos chineses. Qualquer ação do Japão no estreito de Taiwan seria considerada um “ato de agressão”, levando a China a se defender.
Cong também mencionou que o Japão deve refletir sobre seu passado histórico e cumprir os compromissos políticos relacionados a Taiwan. As tensões entre os países aumentaram após Takaichi comentar, em 11 de novembro, que uma ofensiva militar da China contra Taiwan poderia exigir uma resposta similar do Japão. Ela descreveu esse cenário como uma ameaça à “sobrevivência do país”.
A crítica do governo chinês se estende ao que considera um “ressurgimento do militarismo japonês” e expressa preocupações sobre possíveis mudanças na política não nuclear do Japão, que está em vigor desde a década de 1960.
Taiwan opera de forma autônoma desde 1949, mas a China a considera parte de seu território. A maioria das nações, incluindo a Rússia, reconhece Taiwan como parte da República Popular da China.