sexta-feira, 21 de novembro de 2025
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Cacá Diegues celebra direitos em Gramado com “Para Vigo me Voy”

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[email protected] EM 20 DE NOVEMBRO DE 2025, ÀS 06:43

Festival de Gramado: Destaques da Quinta Noite de Exibições

Na quinta noite do Festival de Gramado, o público conferiu a estreia do documentário “Para Vigo me Voy”, que é uma cinebiografia do renomado cineasta Cacá Diegues, dirigida por Lírio Ferreira e Karen Harley, ambos pernambucanos. Também foi exibido o longa-metragem de ficção “Sonhar com Leões”, do diretor Paolo Marinou-Blanco, protagonizado pela talentosa atriz Denise Fraga.

“Para Vigo me Voy” fez sua primeira aparição na mostra Cannes Classics, ocorrida em maio, escolhendo Gramado como seu lançamento nacional. O documentário, descrito como um réquiem brasileiro, abriu a competição de longas documentais no festival.

Lírio Ferreira é conhecido por seus trabalhos no cinema, como “Baile Perfumado”, e se destaca também na produção de documentários. O novo filme, que homenageia Cacá Diegues, foi proposto pelo produtor Diogo Dahl, que é filho de figuras importantes do Cinema Novo, um movimento que revolucionou o cinema brasileiro nos anos 60.

O projeto começou há dois anos, após Diogo Dahl decidir contar a história de Diegues, uma personalidade influente do Cinema Novo. Na época, Diegues já enfrentava problemas de saúde e estava finalizando seu último longa, “Deus Ainda é Brasileiro”. A montagem do documentário ficou a cargo de Karen Harley, que já foi indicada ao Oscar.

O documentário toca em polêmicas da carreira de Diegues, como a recepção do filme “Xica da Silva”, que, apesar de ter sido um sucesso de bilheteira, foi criticado por muitos analistas. Diegues ficou conhecido, inclusive, por falar sobre “patrulhas ideológicas” que atacavam sua obra. Outra controvérsia em sua carreira envolveu a proposta da Ancinav, que não avançou devido a críticas da mídia, com Diegues sendo uma voz ativa em defesa do projeto.

No filme, são debatidos diversos pontos de vista sobre os trabalhos de Diegues, incluindo uma crítica da jornalista Rosa Freire d’Aguiar sobre o filme “Quilombo”. Ela questiona sua relevância e fraquezas, enquanto um cineasta africano apresenta uma perspectiva oposta.

Lírio Ferreira, durante um debate após a exibição, ressaltou seu respeito e amizade por Diegues, manifestando seu desejo de destacar a importância de seus 19 longas-metragens na história do cinema nacional. O documentário, com 90 minutos de duração, reúne imagens raras e entrevistas de Diegues e outros cineastas, mostrando a trajetória e legado do homenageado.

Infelizmente, a equipe de produção recebeu a notícia da morte de Cacá Diegues, em fevereiro deste ano, enquanto estava finalizando o documentário. A equipe decidiu manter na montagem uma cena de um tombo vivido por Diegues durante a filmagem, enfatizando a força de sua personalidade e seu amor pelo trabalho.

O documentário foi realizado com um orçamento reduzido, levantando questões sobre a falta de incentivo a projetos que exploram a história do Cinema Novo.

O título “Para Vigo me Voy” é uma citação de uma fala do personagem Lorde Cigano, interpretado por José Wilker em “Bye, Bye Brasil”.

“Sonhar com Leões”: Uma Tragédia Com Cômica

Na mesma noite, o filme “Sonhar com Leões” recebeu elogios. Denise Fraga, que interpreta a protagonista Gilda, comentou sua empolgação ao ler o roteiro, especialmente em um momento da vida em que sua mãe enfrentava seus últimos dias. Ela sentiu que o projeto falava sobre questões que sempre a interessaram, como o humor e a ironia.

O diretor Paolo Marinou-Blanco surpreendeu a todos ao se comunicar fluentemente em português, mesmo com sua origem grega e portuguesa. Ele compartilhou experiências de sua vida entre diferentes continentes, enfatizando a alegria e a essência brasileira que incorporou em suas obras.

O filme aborda a temática da eutanásia, seguindo Gilda, uma imigrante brasileira em Lisboa com uma doença terminal e que busca morrer dignamente. Durante seu percurso, ela conhece Amadeu, um jovem fascinado pela morte, que trabalha em uma funerária.

“Sonhar com Leões” será lançado no dia 11 de setembro e, segundo Marinou-Blanco, visa despertar discussões sobre a eutanásia, um tema ainda polêmico em muitos países. Denise Fraga participa de uma temporada de peças em São Paulo, mas ficou entusiasmada com o projeto e sua temática.

Os debates sobre o filme incluíram a necessidade de um aviso sobre o conteúdo delicado abordado, trazendo à tona a sensibilidade do público em relação a temas como a morte assistida.

Com uma narrativa repleta de humor e ironia, “Sonhar com Leões” se conecta a outras obras que exploram questões filosóficas e sociais, e seu diretor espera que o filme provoque novas discussões sobre a vida e a morte.

A noite no Festival de Gramado se destacou pela riqueza dos debates e pela relevância dos filmes apresentados, contribuindo para uma reflexão mais profunda sobre a arte e suas múltiplas interpretações.

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