Na quarta-feira, 26 de setembro, o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, afirmou que ainda é cedo para falar em um acordo para o fim da guerra na Ucrânia, mesmo com a proposta dos Estados Unidos avançando. Ele destacou que as negociações ainda estão longe de uma conclusão satisfatória e que existem tentativas em outros países, incluindo os EUA, que poderiam sabotar os progressos em busca da paz.
Os comentários de Peskov seguem uma declaração mais otimista de Yuri Ushakov, assessor do Kremlin, que reconheceu que alguns aspectos da proposta americana são positivos, embora muitos fatores precisam ser discutidos entre especialistas. A proposta dos EUA inclui demandas para que a Ucrânia ceda territórios que estão sob controle russo e reduza suas forças armadas pela metade, condições que não são bem vistas por países europeus.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou que o enviado especial Steve Witkoff se encontrará com o presidente russo, Vladimir Putin, na próxima semana em Moscou para conversar sobre essa proposta. A mesma foi apresentada no momento em que a Ucrânia enfrentou um dos ataques russos mais mortais dos últimos meses, resultando na morte de pelo menos 26 pessoas, incluindo três crianças, em Ternopil, no oeste do país. Além disso, 22 pessoas continuam desaparecidas após o bombardeio.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, enfatizou que qualquer acordo de paz na Ucrânia deve ser negociado com a participação de europeus e ucranianos. Por outro lado, o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, criticou a proposta apresentada pelos EUA, considerando-a uma “capitulação”, e reafirmou que a União Europeia busca uma paz duradoura com garantias contra novas agressões da Rússia.
As negociações entre a Rússia e a Ucrânia têm avançado lentamente e atualmente resultaram apenas em acordos para a devolução de corpos de soldados e prisioneiros de guerra. Neste contexto, a Rússia é responsável por cerca de 20% do território ucraniano, dificultando ainda mais situações de paz.
Analistas observam que a proposta apresentada pelos EUA reitera exigências que já foram levantadas por Moscou desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, e que estas são consideradas inaceitáveis pelo governo ucraniano. A busca por um entendimento que leve a um cessar-fogo ainda enfrenta muitos desafios.